Nina ficou bem triste quando o Flamengo perdeu para o PSG.
No dia seguinte, mandei mensagem:
– Nina, você está melhor?
– Oi dinda, estou bem já. Ano que vem tem mais.
– Que bom. E ganhar e perder faz parte, né? Você, que é fera nos esportes, sabe bem.
– É verdade!
Nina é minha afilhada de 10 anos de idade. Ela ama futebol e não é à toa. Os pais sempre a incentivaram a praticar atividade física. Começou no futebol aos sete, joga vôlei, tênis, faz natação, e adora. Desde pequena, vai a estádios com o pai, fanático pelo Flamengo.
Nina é sociável e inteligente e, graças ao esporte, faz ainda mais amigos –meninos e meninas–, aprende a ter disciplina, a comemorar vitórias e entender que derrotas fazem parte da vida. Como também viaja para assistir aos jogos com o pai, tem o privilégio de, desde cedo, conhecer outras culturas. Tornou-se uma criança extremamente perspicaz. Ser ativa na infância a deixa longe do celular. Brincar ao ar livre é muito mais divertido do que ficar presa no mundo virtual.
Me impressiono sempre que conversamos. Curiosa e interessada, debate de igual para igual comigo sobre Copa do Mundo. Quando pergunto o que quer ser quando crescer, diz que, por enquanto, sonha ser atleta profissional.
Vejo muito de mim nela. Quando eu era criança, meus pais também me deram liberdade para experimentar o que eu quisesse. Fiz natação, ginástica rítmica, balé, nado sincronizado, jazz, handebol, vôlei, vôlei de praia, capoeira. Graças ao apoio deles e ao meu entusiasmo pelos esportes, fui uma criança com energia, me tornei uma adolescente extrovertida e uma adulta saudável. Eu até jogava videogame –com a mãe da Nina, inclusive, minha melhor amiga desde que somos pequenas. Mas nenhum joguinho chegava perto do prazer de pegarmos a bicicleta e pedalarmos até a praia, nos dias ensolarados do Rio de Janeiro. Imagino que, não por acaso, me formei em jornalismo e trabalhar com esporte virou rotina.
Quem pratica atividade física não só terá uma infância e juventude mais felizes como estará mais bem preparado para os desafios da vida adulta e da velhice. O esporte aumenta a autoestima ao mesmo tempo em que mostra nossas limitações. Traz resiliência e nos faz ver que as melhores recompensas só vêm com esforço. Quem faz exercício vai chegar ao fim da vida com menos sofrimento e mais saúde. Nunca é tarde, mas, quanto antes começar, melhor.
Quatro anos atrás, escrevi uma coluna intitulada: “Pais e mães, levem suas filhas para jogar futebol”. Contei como, aqui na Inglaterra, as meninas são incentivadas a jogar sem nenhum tipo de preconceito, e que amigas do Brasil com filhas crianças me contam que é possível encontrar aulas de futebol para elas. Claro que há muito a avançar. Seguir com a mudança de mentalidade em partes da sociedade, deixar o ambiente de escolinhas e clubes acolhedor e inclusivo para as meninas, em qualquer esporte que queiram praticar, como acontece com a Nina.
Como estávamos no fim do ano, deixei uma sugestão naquela coluna que repito.
Para quem tem filhos, sobrinhos, afilhados ou afins: que tal dar de presente de Natal algo ligado ao esporte? Ou levar a criança para assistir ou praticar, não importa. Tenha certeza de que, no futuro, ela vai te agradecer.
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Fonte: Folha de S.Paulo